segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

SAN DESIGN VS KOTA NGUMA




































Fale sobre quando começou e quando teve o primeiro contacto.

Ya! O primeiro contacto foi no ano 1989 na véspera da queda do muro de Berlim na escola Óscar Ribas, na altura estava a fazer a 5 classe, via os b boys a dançar dentre eles o kota Alex e curiosamente quis aprender. O filme break dance exibido em 1986 na TPA. O verdadeiro envolvimento foi em 1990 quando surgiu uma vizinha nova no meu bloco, na casa de baixo que viviam no Egipto e o filho dela trouxe materiais áudios e vídeos de bob marley, mc hammer, milli vanili, Ice cmc, public enemy, run DMC, bob brown e outros, e nós imitávamos no quarto. Na altura já tínhamos noções básicas de inglês e comecei a escrever as letras em inglês, e aí as coisas ganharam pernas.   

Já teve um grupo.
Sim! Já tive passei por muitos, grupos de dança, (Rock Negros-dança, DK POSSE-dança e musica, DASAFROS-musica e posteriormente kuarteirão Norte), algumas musicas gravadas na altura na terra nova no estúdio do Mr Paul, estúdio futuro, ya! Mano foi a trajectória de um pioneiro do hip hop nacional… 

Actualmente como vê o hip hop.
Actualmente o hip hop encontra-se num estagio praticamente comprometido, isso naquilo que eu sei desde a estrutura da cultura hip hop, isso e, se há Mc, não há b boys, se há b boys não há grafwriters, se há grafwriters, não há não Djs, nunca temos os quatro elementos de base representados, temos um hip hop deficiente, mas a nível musical os rappers mangurras cresceram muito, isto e, bons produtores, beat makers, Mcs, meios técnicos etc. De outro lado o problema esta na questão temática, muita quantidade, letras fictícias, falta de identidade própria …    

Acha que já não se faz bom rap.
Dentre os discos existentes no nosso mercado, verdade seja dita meu! Temos de separar o trigo do joio, isto não e nenhum disparate, temos muito rappers metidos a camaleões sofrem metamorfose com a influência da BET, MTV, CHANNEL O e outras cadeias e revistas, epa! E triste, esses putos tem de apreender mais, ler mais, pelo menos o ABC do hip hop de maneira que quando vão as entrevistas não falam só do álbum musical a sair mas passem também alguma coisa… toda hora eu sou o rei do club, tenho mboas, isso, aquilo, dicas burras, mas se lhes tirar o microfone não falam nada… boelus microfonistas! Existem bons álbuns também, os verdadeiros hip hoppers sabem não preciso citar!

Angola representa o suficiente dos elementos do hip hop
Francamente não!...existem alguns manos que sentem este movimento no fundo da alma, os poucos que compreenderam isso  como uma ferramenta de luta, de transformação social, de denuncia, de construção social, e eu respeito o esforço deles, de outro lado do movimentos estão os seguidistas que pensam que isso e moda como a vaiola, Kapreku e outros modismo de dança que o pessoal esta acostumado como cenas passageiras… sinceramente a sociedade precisa saber a estrutura ideológica do movimento hip hop pra melhor nos respeitarem e considerarem a nossa luta na mudança do pais, África e do mundo, o hip hop e uma ferramenta juvenil universal, e uma ferramenta da sociedade civil, logo, os seus praticantes tem de mergulhar no conhecimento, informação, educação…   

O que tem feito em prol do movimento.
Sou Mc, activista e professor, logo, sinto que quando estou a fazer pelo o movimento, estou a fazer também pela sociedade, que em suma, e o meu objectivo principal…o hip hop e apenas uma camisola ideológica e artística que eu e outros usamos para contribuir na resolução de alguns problemas sociais.   

Quer deixar alguma mensagem sobre a nova geração.
Ya bue! Mas começou por citar um provérbio que e da minha autoria que diz; “cada geração é responsável pela mudança do seu próprio tempo”
. Quero com isso dizer que temos de participar directamente na construção da nossa comunidade ou sociedade, porque um pais sem estrutura social não garante a qualidade de vida do cidadão, mas sim a quantidade, bêbados, prostitutas seguidistas, delinquentes, ladroes, mentirosos, arquitectos de imagens falsas, gajos de cérebros mortos, tudo isso, não constitui capital humano…este e o modelo da juventude Angolana, preocupados com roupas de marcas, meios tecnológicos de primeira agua, em suma covardes… carros bonitos sem estradas, escolas sem bibliotecas, projectos sociais de curto prazo, bairros sem casas pra a juventude conversar, debater, palestrar, trocar experiencias, universidades com professores sem agregação pedagógica com missão de tornar cada vez mais burros a juventude, temos de ler a constituição do nosso pais e nela onde todos os angolanos se revêem, conhecer os nossos direitos e exigir também, saber como anda o nosso pais, as questões de inconstitucionalíssimo, abusos, eleições macabras, cabalas politicas… tudo porque esta geração na esta sincronizada, cada um quer aparecer num temporal sem participar na vida social, o angolano interiorizou de mais o ter (materialismo) e não o ser (personalidade, capital social), a dica e se és honesto com dinheiro moderado não estas com nada, se és humilde não estas com nada, mas se tens dinheiro sem escrúpulo és adorado, infelizmente as virtudes estão invertidas!   












































Acha que os álbuns lançados ate agora precisam de mais alguma coisa.
Ya! Mais conteúdo …o musico é o porta-voz da sociedade, como tal, tem de dizer alguma coisa que preste, músicos modelos como Paulo Flores, Bono Vox que velam pelas causas dos povos…

Existem projectos em carteira.
Bue mano! Desde os artísticos ate os sociais, falar com outros jovens de África e do mundo, trocar experiencias, palestras, conferencias, debates, aproveitar o meu tempo de vida para contribuir em alguma coisa no mundo, eu acredito que cada ser humano enquanto viver tem uma missão especial mas, tem de lutar para descobrir e praticar, a minha camisola ideológica e o hip hop- alto poder de ajuda aos povos oprimidos. 

Pelos problemas que se vive em Angola ou em África, acha que seria necessário todos falarem dos mesmos problemas.
Não! As pessoas devem tratar das coisas de forma diversificada, diferentes pessoas, diferentes temas, não vamos criar statu quo nos temas… 

Acha que a midia ajuda o nosso hip hop 
     Olha mano temos de partir do principio que o hip hop e uma cultura de resistência, a midia faz o que pode, não partilho a ideia de que temos de esperar a midia fazer, eu lembro que fazíamos os shows no campo da Encib no cazenga, lá no Hoji-ya-Henda sem passar a publicidade mas, tinha muita aderência, o problema e que as pessoas já não levam o hip hop pra rua, tudo agora esta nos circuito fechado, tudo cumbu…cumbu… os realizadores poderiam levar o hip hop duas vezes por ano nas ruas, onde ele nasceu…  

Liberdade de expressão nas musicas, o que diz.
Eu não diria apenas nas músicas, a liberdade de expressão e uma questão de educação social, se o cidadão não estiver educado para exercer este direito logo o artista também não vai exercer, porque ele antes de ser artista e cidadão.

O capitalismo influencia muito o nosso hip hop.
Desde a queda do muro de Berlim em 1989 o capitalismo tomou conta dos movimento financeiros e económicos do mundo e, o hip hop não e excepção… se tu veres o que mais vendem em Angola e no mundo são os rappers comercias… fruto do capitalismo!  




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